Trio Diplomata - Velhinho Sertanejo

Desde que nasci todos os filmes que já vi
Foi na tela da imensidão
No romper da alvorada lá na mata
A passarada era a minha televisão
Quando a noite chegava a Lua cheia
Clareava o meu esbelto sertão
La no alto do infinito um ornamento
Tão bonito comovia meu coração cantando

Sou um sertanejo muito velho e sozinho
No meu sertão não posso mais trabalhar
Quase chorando vou deixar a minha terra
Lá na cidade com meu neto vou morar

No porão embaixo do seu escritório
Que vai morar este velhinho já cansado
Lá vou expor minha bagagem sertaneja
Que vai comigo por lembrança do passado
Um lombilho o meu laco e a viola
Um par de esporas o berrante e o facão
Uma cabaça que conserva a água fria
Chapéu de couro e vara de ferrão

Aquele chifre com azeite de mamona
Que untava o velho carro de boi
Uma garrucha e a espingarda poveira
Serão espelho do tempo que eu já se foi
Eu não lamento o que esta me acontecendo
Pois o destino nos trouxe muita surpresa
Cresci na roca firme no cabo de enxada
Criei meus filhos a minha maior riqueza

Eu hoje deixo meu pedacinho de chão
Embora seja contra minha vontade
Tem certas coisas que acontecem em nossas vidas
Que não podemos fugir da realidade